Depois de quatro dias movimentando uma das cidades históricas mais conhecidas do país, a 5ª Feira Literária Internacional de Canudos (Flican) foi encerrada na noite do sábado (dia 26) com apresentações musicais no Espaço Belchior, batizado em homenagem ao artista cearense. Ao longo desses dias, o evento reuniu mais de 5 mil pessoas que participaram de diversas atividades, como debates sobre temas da atualidade, mostras de filmes, exposições, oficinas de artes, espetáculos de teatro e música, entre outras. Nesta edição, o tema central foi “O Sertão Vai Virar Arte: Viva o Povo Brasileiro, Literatura e Tradições Populares – Viva Canudos!”, em homenagem ao escritor João Ubaldo Ribeiro.
“A Flican chega ao fim depois de vários dias de uma programação vasta e rica, com apresentações de diferentes manifestações culturais e a participação de autores quilombolas e indígenas. Tivemos aqui também a presença de nomes como Frei Betto, João Pedro Stédile e Antônio Torres, nosso imortal da Academia Brasileira de Letras. Tivemos ainda a Flicanzinha, com atividades voltadas ao público infantil e a participação das escolas das redes municipal e estadual. Gostaria muito de agradecer a todos que colaboraram para o sucesso da feira”, afirmou o curador da Flican, Luiz Paulo Neiva.
Com uma palestra sobre o tema “Literatura Indígena: cinco séculos de opressão e saberes”, o escritor e ativista Juvenal Teodoro Payayá foi um dos destaques da programação. Em sua apresentação, Juvenal Teodoro, que é cacique do povo Payayá, destacou a importância da literatura para toda a sociedade e incentivou o público a encontrar sua voz na escrita. “A literatura está em toda parte: nos barracos, nas ruas, nas mansões, nas grandes bibliotecas. Não é preciso ser especialista para poder escrever seus textos, seus poemas. Esqueça se você escreve a palavra com ‘s’ ou ‘ç’. Se fosse pensar se estava escrevendo errado ou não, jamais teria começado a escrever aos meus 17 anos”, disse o autor indígena.
O jornalista e teólogo Frei Betto participou, de forma virtual, da conferência “Literatura como Resistência”. Já João Pedro Stédile, um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), abordou em sua apresentação o tema “Das Ligas Camponesas ao MST: a luta pela terra no Brasil”. Os escritores Aleiton Fonseca e Antônio Torres marcaram presença na conferência “Os romances dos meus sonhos”.
Também fez parte da programação da Flican a exibição do filme “1798: Revolta dos Búzios”, do cineasta baiano Antônio Olavo. O filme trata do movimento emancipacionista ocorrido na Bahia, também conhecido como Revolução dos Alfaiates, que buscava a criação de uma república democrática.
O show de encerramento da feira contou com a participação da Banda de Pífanos de Canudos, Forró da Gerardina, Bião de Canudos, Kaila Marcelle e Roberto Santos.
A 5ª Flican foi promovida pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação Pedro Calmon, vinculada à Secretaria de Cultura do Estado, do Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC) e da Prefeitura de Canudos.
Foto: João Vitor Araújo/ Ascom SEC